
O Museu da Diáspora Negra, dos Povos Originários e Comunidades Tradicionais da Paraíba, ganhará uma nova e simbólica sede no Centro Histórico de João Pessoa. O espaço, que no passado foi a residência do Capitão Mor da província, passa a ocupar o prédio na Praça Rio Branco, transformando um local marcado pela repressão colonial em um território de memória, resistência e futuro.
Ressignificação Histórica e Reparação
A mudança de local representa mais do que uma simples ocupação física. Para Lídia Moura, secretária de Estado das Mulheres e da Diversidade Humana, essa iniciativa é um “reposicionamento da história e a reparação de memórias apagadas”. A nova sede do museu está em uma área que, no passado, foi palco da luta por liberdade de pessoas escravizadas como Gertrude Maria. A escolha do local também reforça que o tradicional “Sabadinho Bom” terá, a partir de agora, mais uma extensão de resistência e afirmação cultural.
Essa ação se alinha às recomendações da III Conferência Mundial contra o Racismo, realizada em Durban, em 2001, que reforçou a necessidade de políticas de reparação e valorização da herança africana. O Governo da Paraíba tem agido nesse sentido, com a formação de gestores no combate ao racismo e o lançamento de editais de incentivo a comunidades quilombolas e indígenas.
Um Espaço para Narrativas Plurais
A nova etapa do museu é fruto da colaboração entre diversas secretarias e de parcerias com pesquisadores renomados. O professor Estêvão Palitot (UFPB) e o historiador Stênio Soares (UFBA) coordenam pesquisas que visam a amplificar as vozes e as experiências das comunidades indígenas e afrodescendentes do estado. Segundo Stênio Soares, espaços como esse são “instrumentos políticos de reparação histórica e de afirmação identitária”, capazes de inspirar novas gerações.
Ao se instalar em um local que no passado foi um símbolo de poder colonial, o Museu da Diáspora Negra se torna um marco de ressignificação, que desafia a ideia de uma história única e promove a construção de narrativas plurais. A iniciativa reforça o compromisso da Paraíba com a valorização da diversidade de seus povos e com a centralidade da cultura afro-diaspórica e indígena na formação do Brasil.